RESUMO - ROBERTO MANGE, O IDORT E A EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO – SÃO PAULO (1931-1956)
Arthur Cassio de Oliveira Vieira*
Joyce Brenna da Silva Lima Rodrigues; Karoline Louise Silva da Costa; Olívia Morais de Medeiros Neta
*UFRN - E-mail: arthur_cassio@yahoo.com.br
O presente trabalho situa-se no campo da História da Educação e visa analisar a atuação de Roberto Mange e o grupo de intelectuais ligados a ele e ao Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), como agentes da organização e orientação da educação para o trabalho, na cidade de São Paulo, durante os anos de 1932 a 1956. Compreendemos Mange como um intelectual produtor e mediador de bens simbólicos, de acordo com as discussões de Sirinelli (2003), em uma percepção de História Intelectual que perpassa o político, o social e o cultural. Buscamos também compreender as redes de sociabilidade constituídas por ele no IDORT e na revista da instituição, tomada como fonte de pesquisa, bem como biografias e documentos oficiais, operacionalizadas pelo método historiográfico. Roberto Mange nasceu na Suíça em 1886. Graduou-se em Engenharia na Escola Politécnica de Zurique, em 1910. Em 1913, veio ao Brasil a convite do então Diretor da Escola Politécnica de São Paulo, Antonio Francisco de Paula Souza. Nesta instituição lecionou Mecânica aplicada às Máquinas. No ano de 1924 Criou o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, tornando-se superintendente do mesmo. Em 1931, Mange fundou o IDORT, implantando serviços de Psicologia Aplicada ao Trabalho, com a colaboração de Aniela Ginsberg e Betti Katzenstein. Nota-se que tal instituição foi responsável pela organização e orientação da educação para o trabalho na cidade de São Paulo durante o período estudado. Destaca-se o seu papel como agente catalisador das orientações políticas e demandas sociais do período, pensando em um modelo de educação que estivesse alinhado aos interesses econômicos das classes dirigentes. O Instituto possuía também um veículo de comunicação, a Revista IDORT, que publicava informações pertinentes ao órgão e suas pretensões educacionais, refletindo as ideias pedagógicas do período. De tal modo, temos que a atuação de Mange e de outros intelectuais foi de primeira importância para consolidação de uma educação pautada na racionalidade para o trabalho na São Paulo das décadas de 1930 a de 1950, servindo, posteriormente, como modelo para outras localidades.
Palavras-chave: História da Educação; Intelectual; Educação para o trabalho.
Diante das informações ofertadas para se compreender a trajetória histórica de intelectual do Roberto Mange, dentre elas: um intelectual produtor, suas redes de sociabilidades, a revista da instituição (IDORT), qual modelo de educação para o trabalho defendido por ele e outros que partilhavam dessas ideias? Como foi possível operacionalizar esse modelo?
ResponderExcluirBom dia! Olá Juciene, tudo bem? Segue algumas considerações com base em seus questionamentos acima:
ResponderExcluirCelso Suckow foi quem protagonizou junto aos engenheiros-educadores (os quais destacam-se Francisco Montojos, João Lüderitz, Ítalo Bologna e Roberto Mange,) a construção da ordem do novo ensino industrial no Brasil em meados do século XX. Fazendo parte dessa geração, Roberto Mange foi professor da escola politécnica de São Paulo, em 1913, tornou-se pioneiro no Brasil dos métodos racionais para a formação dos trabalhadores e, devido à isso, participou de diversas visitas técnicas aos EUA e à Europa. Em 1929, viajou para Alemanha com a missão de acompanhar os cursos profissionais dirigidos aos operários das estradas de ferro. Mais tarde, fundou, em 1931, junto à outros especialistas, o Instituto da Organização do Trabalho Racional - IDORT, no qual produziu muitos escritos em prol da constituição do ensino industrial no país.
A partir dessa configuração, observa-se que essa trajetória advém do trabalho e das necessidades da indústria no Brasil, com o olhar do racionalismo técnico para o desenvolvimento da eficiência de produtividade do trabalhador, onde foi difundido por meio de técnicas e métodos na formação dos cursos de mecânica nas escolas de ensino industrial, bem como nas formações das ferrovias e as publicações do engenheiro-educador Roberto Mange durante a primeira república. Desse modo, a sua concepção pedagógica em torno da organização racional do trabalho coadunava com o contexto de produção taylorista, haja vista que defendia um controle eficiente para o desenvolvimento da produtividade no campo industrial. Com isso, disseminava os modelos pedagógicos internacionais para a estruturação desse campo no Brasil. Diante disso, em meio a rede dos agentes e dos lugares de sociabilidades dos industrialistas, Mange disseminava a formação de profissionais voltada aos métodos de ensino e à psicologia industrial. Nesse intento, baseava-se nas influências dos ideais escolanovista do precursor John Dewey.