RESUMO - O HISTORIADOR DA EDUCAÇÃO E SEU OFÍCIO

Anna Gabriella de Souza Cordeiro*
Maria Inês Sucupira Stamatto; Olívia Morais de Medeiros Neta
*UNINASSAU; SEMEC - João Câmara - E-mail: gabriellacordeiro@hotmail.com

O ato de educar é inerente ao humano e remonta aos primórdios das mais antigas sociedades, considerando que, desde a antiguidade clássica grega, importantes filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles legaram importantes reflexões acerca do tema. Com o tempo, a ação educativa foi se transformando até chegar à forma de cultura escolar que é vivenciada nos dias atuais. Nesse sentido, a educação é um importante marco da atuação do homem no tempo e no espaço, logo, é dotada da historicidade. Para que a Pedagogia fosse legitimada enquanto ciência, no final do século XVIII e início do XIX, foi necessário o estudo dos processos educativos de ontem e de hoje, o que fomentou o surgimento da História da Educação como disciplina específica na formação dos professores e como campo de investigação científica. Devido a essa demanda, surge no cenário acadêmico o historiador da educação que, para o exercício de seu ofício, precisou desenvolver um saber fazer específico. Perrenoud (1999/2000) entendeu que o savoir-faire de alto nível, como no caso do historiador da educação, é construído de maneira complexa e correspondente aos vários objetivos que permeiam uma determinada função social, procedendo de um treinamento intensivo que se funde ao habitus. O savoir-faire representa o saber fazer de qualquer profissão, é construído a partir das práticas sociais que levam qualquer indivíduo a exercer um determinado papel, sendo mobilizável por várias competências. As diversas situações vividas pelo historiador da educação requerem que este profissional alie seus conhecimentos teóricos aos procedimentais, com o objetivo de ser apto para enfrentar as múltiplas situações do seu cotidiano. Com base nesses pressupostos, essa pesquisa tem como objetivo refletir acerca do ofício do historiador da educação. Para tanto, parte-se da consolidação da História da Educação como disciplina e campo do conhecimento no Brasil, de acordo com os conceitos de Chervel (1990) e Bourdieu (1983). No que tange a atividade docente, serão destacados os desafios vivenciados na formação dos futuros professores, segundo Nunes (2006), a disciplina História da Educação tem por finalidade ensinar a pensar historicamente, destacando-se o desafio intrínseco dessa missão. Já como cientista, o historiador da educação, independentemente de sua formação inicial, possui um compromisso com o que Certeau (1982) denominou de operação historiográfica, sendo esta constituída por três etapas distintas: o lugar social, a prática na pesquisa com as fontes históricas e a construção da narrativa histórica. Na primeira etapa serão destacados os lugares de fala do historiador da educação, tais como: os programas de Pós-Graduação, Associações, grupos de trabalho, eventos acadêmicos e revistas científicas. Na sequência, as fontes utilizadas para a construção do conhecimento em História da Educação e a constituição de arquivos físicos e virtuais para o atendimento dessa demanda. E, no que se refere à construção da narrativa, Certeau (1982) destacou que essa é diretamente influenciada pelos cânones cronológicos da História, pela prática e pelo lugar social. Para a elaboração dessa reflexão, buscou-se ainda respaldo nas obras de diversos autores que refletiram sobre a História da Educação: Antônio Nóvoa, Demerval Saviani, Diana Vidal, Luciano Mendes de Faria Filho, Claudinei Lombardi, Antônio Carlos Ferreira Pinheiro, dentre outros. Por fim, entende-se que o ofício do historiador da educação é permeado pelo caráter didático da atividade docente e pela escrita da história que tem como objeto os processos educativos, sendo ambos influenciados pela memória e pelo esquecimento inerentes ao lugar social e aos embates representacionais.

Palavras-chave: Historiador da Educação; Ofício; Savoir-Faire.

Comentários

  1. Tendo em vista a existência de Histórias, no plural, da educação, é possível elencar aspectos que caracterizem o fazer do historiador de um modo único? Existe um modelo ou um norte?

    ResponderExcluir
  2. Assim como o historiador pode dedicar-se a compreender a História do Tempo Presente, sob a perspectiva das narrativas construídas no hoje (ainda em conformidade com a ideia de tempo e espaço), o historiador da educação também pode e/ou deve elaborar estudos sobre a História de Educação na contemporaneidade?

    Ana Clara Pontes de Araújo

    ResponderExcluir
  3. Seu trabalho é bastante complexo colega e no artigo completo deve trazer muitas contribuições. Li um livro do professor Gilberto Alves sobre a História da Educação no Brasil, resultado do mestrado, doutorado e pós doutorado dele. Estou curiosa com sua apresentação.
    Janete S. da S. m. de Camargo

    ResponderExcluir
  4. Parabéns pela proposta. Muito me interessa a temática, especialmente ao fazer uma análise - ainda que superficial - da bibliografia disponível. Sou formada em história e atuo, na minha instituição, também nas disciplinas de História da Educação nas diferentes licenciaturas. E uma coisa que muito me incomoda é o fato de que a maior parte do material a que tive acesso falha muito na perspectiva historiográfica. Urge que pessoas que entendam a peculiaridade da ciência histórica assumam o papel de produzir conhecimento nessa área.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Discussão coletiva e síncrona dos trabalhos nos Eixos Temáticos