RESUMO - MEMÓRIA HISTÓRICA E MEMÓRIA DE VELHOS
Alessandra Pereira de Carvalho Veloso*
Nazaré Cristina Carvalho
*UEPA - E-mail: carvalhoalessandra608@gmail.com
O Texto “Memória Histórica e Memória de Velhos” está baseado na pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade do Estado do Pará (UEPA), no período de 2017-2019. Teve como objetivo geral: analisar as brincadeiras de infância que surgem a partir das memórias de velhos (as) quilombolas de Porto Alegre, Cametá-PA. A pesquisa se constitui de um estudo qualitativo, com ênfase na história oral. Os sujeitos da pesquisa foram 08 (oito) velhos(as), que se constituíram como intérpretes de suas histórias de vida. Como recurso metodológico foram utilizados a observação, entrevista semiestruturada, conversas informais, visita domiciliar, registro fotográfico, filmagens e oficina recreativa. Para a interpretação e análise dos dados foram utilizados os pressupostos da análise de conteúdo. O aporte teórico foi com base nos estudos de Ariès (1978), Bosi (1987), Brandão (2004), Brougère (2010), Corsaro (2011), Carvalho (2009; 2013), Charlot (2000), Geertz (1973), Gomes (2006), Halbwachs (2003), Huizinga (2005), Pinto (1995; 2001; 2010), Piorski (2016), Pollak (1989; 1992), Sarmento (2007) e Salles (2004). Assim, partimos da memória de infância para conhecer as brincadeiras infantis dos velhos(as) quilombolas de Porto Alegre, identificando os saberes presentes nessas brincadeiras. Os resultados apontam que muitas foram as brincadeiras vivenciadas e elas nos dão um panorama da infância dos sujeitos pesquisados, brincadeiras que permeadas de saberes perpassam pela cultura. Com este estudo, compreendeu-se os velhos como sujeitos de história e memória que se constituem nas relações com o outro e no espaço em que vivem. Reconhecemos os velhos enquanto colaboradores no processo criativo deste estudo e protagonistas nas análises e interpretações dos dados. Epistemologicamente, essa pesquisa buscou oferecer contribuições ao estudo do brincar, tendo como base os saberes culturais presentes na comunidade.
Palavras-chave: Memória. Velhos quilombolas. Brincadeiras de infância.
Alessandra, quais foram as dificuldades e facilidades enfrentadas durante a realização da pesquisa?
ResponderExcluirBom dia Bruna as dificuldades foram o deslocamento até a comunidade por ser bem distante e uma estrada bem ruim na época do inverno visto que moro na Amazônia com chuvas fortes e estradas de chão batido. Facilidades foi o acolhimento dos moradores e dois próprios velhos em compartilhar suas memórias infantis
ExcluirOlá, como partiu seu interesse em trazer os conhecimentos dos velhos para sua pesquisa científica?
ResponderExcluira partir de um
Excluirtrabalho que realizamos com os alunos de uma escola onde lavamos eles até a comunidade e eles conversaram com a senhora mais idosa da comunidade ai ao ouvir ela falar me interessei bastante em conhecer as histórias do lugar e também relacionei a minha história por ser criada por uma vó maravilhosa relacionei tudo isso
Alessandra, como você analisa a questão da memória oral como um patrimônio a ser preservado nessa região?
ResponderExcluirno meu trabalho a história oral foi fundamental pois elas me permitiram conhecer suas e a reconstituição da história da comunidade, vejo que muitas comunidades tem poucos documentos escritos assim registar as falas as memórias daqueles que conhecem a história do lugar é fundamental. Pra mim foi um instrumento essencial 80% do meu trabalho foi construídos em cima dos relatos orais
ExcluirAlessandra, quais brincadeiras foi possivel cartografar através da rememoração do passado de seus entrevistados? Qual noção de infância foi possível captar pelas falas dessas pessoas?
ResponderExcluirA “brincadeira de saltar (pular) n’agua” – ou banho no rio, como também foi chamada –, é algo que retrata uma relação forte com a natureza.
Excluir“Festinha de boneca, brincadeira de boneca, barraquinha, casinha” eram algumas das denominações para uma brincadeira essencial para as meninas/velhas.
Nesta brincadeira de casinha, incluímos também a brincadeira de fazer comidinha, brincadeira de cozinha, pois ao construírem o espaço da casinha para brincar as meninas faziam a imitação das tarefas domésticas. Acerca disso, Piorski nos fala:
A alegria de uma menina que brinca de cozinheira está em bem servir comida quentinha aos que vem comer” (PIORSKI, 2016, p. 135).
A pira esconde” – ou simplesmente pira, como é chamada – é uma brincadeira coletiva, pensamos que essa é uma das brincadeiras mais democráticas descritas pelos velhos, pois brincavam meninas e meninos.
A brincadeira “pimenta e sal”: é uma variação da pira, pois os participantes brincavam de forma coletiva, e ao brincarem levavam nas mãos uma mistura de pimenta e sal e corriam um atrás do outro, e ao encontrarem os demais deveriam jogar essa mistura.
O “samba ou samba de cacete”, que já dissemos, é tocado instrumentos feitos de madeira e o sujeitos cantam e dançam, usam saias longas e floridas, este geralmente ocorre em épocas festivas da comunidade.
O “jogo de bola” era algo natural entre os meninos/velhos, que brincavam quase diariamente; de certo, não possuíam bolas industrializadas: algum menino com mais habilidade produzia as bolas (de sacolas, retalhos de pano...) que era usada por todos.
Outra brincadeira comum entre os meninos: “de correr no mato um atrás do outro”; também foi constatada a brincadeira de fazer armadilhas (mundé) para pegar bicho (lagarto) no mato.
Algumas brincadeiras que se baseavam na imitação, algumas retratavam o trabalho, as festividades.
Olá, que belo trabalho! No contexto da covid-19 quais sugestões você daria para quem vai utilizar a HO?
ResponderExcluirolá nesse contexto realizar um trabalho como eu realizei acredito ser inviável pois tive um contato ativo e direto com os meus interpretes. Mas talvez uma roda de conversa online onde fique gravado que os interpretes falarem seja uma alternativa
ExcluirOlá, lendo seu trabalho pude concluir que a brincadeira infantil é uma marca cultural permanente da criança que se perpetua na memória, e, ainda que se mude o tempo, os sujeitos e o tipo, as brincadeiras ultrapassam todas as barreiras e continuam a fazer parte da história da infância. No seu entender, podemos dizer que a brincadeira é parte constitutiva do sujeito e da cultura da infância?
ResponderExcluirsim as brincadeiras se constituem a partir das vivencias culturais que o sujeito possui com os seus pares falo muito disso na minha pesquisa se vc pudesse ler veria essa relação direta com a formação cultural da comunidade
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