RESUMO - A MEMÓRIA FEMININA PRESENTE NAS FACHADAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE CAJAZEIRAS – PB (1969-1999)

Débia Suênia da Silva Sousa*
Flavia Moraes Cartaxo; Dagmar Alaíde de Lira Ferreira
*UFCG - E-mail: flamoraes1998ufcg@gmail.com

O objetivo deste estudo e relatar a história das patronesses das escolas municipais de Cajazeiras - PB. Este trabalho é oriundo das atividades realizadas no Projeto de Iniciação Científica: “Nos vestígios das fontes escritas e iconográficas: memórias e histórias de mulheres que nomeiam as escolas no município de Cajazeiras – PB (1969-1999)- PIBIC- CNPq- UFCG. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. Foram utilizados documentos escritos e iconográficos. O método de pesquisa adotado é o indiciário. O método indiciário fundamenta-se em pistas, vestígios, indícios, que possam revelar fatos do passado. Ainda, consiste em tornar válido para os pesquisadores as fontes consideradas marginais como: os documentos, fotografias, cadernos, cartas entre outras. Este trabalho norteia-se também nos pressupostos teóricos da Nova História Cultural, vertente da historiografia que busca destacar: temas, sujeitos, fontes que foram ao decorrer dos anos descartados pela História. Entre esses figuram: as mulheres, os negros, as crianças, como também, o cotidiano escolar, as instituições de ensino, e a vida das professoras.  Fundamenta-se nos pressupostos teóricos de Perrot (2019), Sousa (2018), Louro (2004, 1997), Nunes (2000), Lopes e Galvão (2001), Ginzburg (1989), Del Priore (2014), Cartaxo (2000). Sabe-se que o município de Cajazeiras consta de 43 escolas da rede pública de ensino, das quais 09 são designadas por nome de mulher.  Por se tratar de uma pesquisa em andamento, tem-se até o momento, dados de 03 escolas do município de Cajazeiras em  relação a memória das patronesses: E.M.E.I.E.F Vitória Bezerra, E.M.E.I.E.F Irmã Nirvanda Leite Rolim e E.M.E.I.E.F Maria Guimarães Coelho.  Compreende-se que a homenagem prestada a essas mulheres se encerram nas fachadas das escolas, pois, pouco sabe-se sobre estas nas escolas. Neste estudo apresenta-se a história das patronesses Vitória Bezerra, Ir. Nirvanda  Leite Rolim e Maria Guimarães Coelho. Assim, o referido estudo buscou encontrar indícios das memórias das patronesses em vários espaços da cidade de Cajazeiras, inclusive nas próprias escolas, no entanto, nas instituições de ensino são poucos os documentos e as fotografias que pudessem ser usados como vestígios das memórias dessas mulheres. Porém, encontrou-se em livros, blogs, e arquivos privados vestígios que ajudaram a compor a história dessas mulheres. Vale destacar que as informações que se tem das patronesses foram deixadas por pessoas que conviveram com essas mulheres. Alguns relatos escritos e fotografias foram encontrados em blogs e livros, outras em arquivos privados. Sendo assim, a partir da pesquisa realizada constatou-se que Vitória Bezerra foi uma das primeiras professoras da cidade, nasceu em 22 de novembro de 1873 e veio a falecer em 1969, possivelmente, ela começou a trabalhar em 1914 quando foi nomeada para exercer interinamente o cargo de adjunta da cadeira pública do ensino primário do sexo feminino na cidade de Cajazeiras. Em 1934 tornou-se efetiva no cargo de professora. Durante toda a sua vida se dedicou a educação na cidade de Cajazeiras. Em relação a suas práticas em sala de aula quando se tratava da indisciplina ela era muito rígida, costumava usar a palmatória e também colocava as crianças para ajoelhar-se no caroço de milho, práticas comuns para aquela época. Também, foi colaboradora em outro espaço educativo sendo esta:  A Revista Flor de Liz(1926-1937),  uma revista feminina da cidade de Cajazeiras que  surgiu através da Ação Social Católica Feminina. Vitória Bezerra foi homenageada patronesse de uma escola no ano de 1969, data em que foi inaugurada a escola E.M.E.I.E.F Vitória Bezerra, ano também em que a educadora veio a falecer.  Já à patronesse Ir. Nirvanda Leite Rolim nasceu em 16 de dezembro de 1939, e veio a falecer em 30 de março de 1992. Natural do sítio Boa Fé, filha de José Leite Rolim e Tertulina Bandeira Leite. Filha de pais católicos tudo caminhava para que a jovem Nirvanda seguisse os mesmos passos. Mas, ela foi mais adiante à sua fé, pois, desde criança Nirvanda demonstrava interesse em seguir a vida religiosa. Esta realizou seus estudos no tradicional colégio Cajazeirense Nossa Senhora de Lourdes, e, posteriormente, tornou-se professora do Colégio. Em 12 outubro de 1983 professou seus votos perpétuos no convento da Conceição em Olinda-PE. Depois de realizado o sonho de ser freira, em 1984 ela concluiu o curso de Licenciatura Plena em História, pela UFPB Campus V – Cajazeiras. No ano de 1981 criou um grupo formado por jovens denominado JUSP - Jovens Unidos a Santa Paula. Irmã Nirvanda era devota de Santa Paula Frassinetti. A educadora, possivelmente, trouxe para sua vida os ideais defendidos pela religiosa Italiana.  Santa Paula Frassinetti  no início de suas atividades missionárias fundou uma escola paroquial para atender crianças carentes. Educar e ajudar o próximo se resume a trajetória de Santa Paula Frassinetti.  Provavelmente, inspirada nos ideais da religiosa italiana, Ir. Nirvanda cria um grupo jovem que tinham como objetivo ajudar o próximo, ou seja, as pessoas em estado de vulnerabilidade da cidade de Cajazeiras.  No ano de 1999 Ir. Nirvanda torna-se patronesse de uma escola, data que foi criada a escola E.M.E.I.E.F. Irmã Nirvanda Leite Rolim, na gestão do prefeito Epitácio Leite Rolim, irmão da educadora Cajazeirense. A patronesse Maria Guimarães Coelho ou (Mariinha) como era chamada pelos amigos próximos, nasceu em 28 de fevereiro de 1882, no povoado chamado Santa Fé que existiu entre Bonito de Santa Fé - PB e São José de Piranhas – PB, veio a falecer em 16 de outubro de 1967. A mesma era mãe de 8 filhos. Era uma mulher inteiramente dedicada ao lar. Muito religiosa desde cedo ensinava aos filhos o catecismo. Maria Guimarães tinha poucos estudos, mas, isso não impediu o seu amor pelos livros. No ano de 1990 é criada a escola E.M.E.I.E.F. Maria Guimarães Coelho, o motivo que tornou Maria Guimarães patronesse da escola ocorreu porque familiares da mesma doaram o terreno para a construção da escola.  Conclui-se, que 02 das patronesses em destaque neste estudo eram professoras que por anos dedicaram-se a educação de Cajazeiras. A outra patronesse era uma senhora do lar dedicada aos cuidados com seus 08 filhos.  É preciso enfatizar que apesar das reinvindicações dos movimentos feministas, mesmo com os avanços da Nova História Cultural, a história das mulheres ainda permanece na obscuridade. A exemplo, das patronesses das escolas municipais da cidade de Cajazeiras- PB, no qual há poucas informações sobre quem foram estas mulheres e não se encontra registrado nas escolas documentos  ou fontes iconográficas, que pudessem ser usadas como indícios da memória das patronesses. Portanto, para que as mulheres possam ter notoriedade na história é necessário que haja uma transformação no modo de pensar da sociedade na qual elas viveram. Dessa forma, elas poderão sair da invisibilidade, resquícios do passado de uma sociedade marcada pelo patriarcado.

Palavras-chave: Patronesses.  Memória feminina.  Escolas Municipais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Discussão coletiva e síncrona dos trabalhos nos Eixos Temáticos