RESUMO - IDEIAS HIGIENISTAS E A DISCUSSÃO SOBRE EDUCAÇÃO FEMININA NA REVISTA PEDAGOGIUM (1921- 1925)

Arthur Beserra de Melo*
Amanda Vitória Barbosa Alves Fernandes; Marlúcia Menezes de Paiva
*UFRN - E-mail: arthur.b.melo@hotmail.com

Este trabalho tem como objetivo analisar as ideias higienistas que estiveram presentes na revista Pedagogium e que eram voltadas para educação feminina. Esse periódico foi criado em 1921 pela Associação de Professores do Rio Grande do Norte (APRN), entidade fundada em 4 de dezembro de 1920 e que reunia potiguares de destaque na área educacional. Durante a última década da Primeira República, esse impresso da APRN foi editado nos anos de 1921 até 1927, possuindo 23 números abordando diversos temas voltados para educação. A metodologia utilizada nessa pesquisa foi a análise documental de textos publicados na revista investigada, os artigos escolhidos foram:  “Celibato Pedagógico” e “As modas e a educação” de autoria de Nestor Lima (1921); “A ação social e educativa da Escola domestica” escrito por Manoel Dantas (1921); “Escolas para mães” e “A moça americana e as universidades: a educação e o problema da raça” ambos de Cristóvão Dantas (1922, 1923); “A missão da mulher” de Júlia Medeiros (1925). O referencial teórico-metodológico foi composto por: Le Goff (2016) pela sua perspectiva de História Nova e do Ofício do historiador; Elias (1994) com o seu conceito de Civilidade; Saviani, principalmente seu conceito de Ideias Pedagógicas; Gondra (2004) e seu debate sobre o discurso higienista; Novoa (1997), Catani e Bastos (1997), por causa das suas discussões sobre imprensa periódica na pesquisa em História da Educação;  Ribeiro (2003) e Cavalcante (1999) devido aos seus trabalhos respectivamente sobre a Pedagogium e APRN. Por meio do estudo, podemos concluir que as ideias higienistas presentes na revista investigada revelam a intenção da maioria dos membros da Associação de Professores em valorizar a educação feminina voltada para o espaço domiciliar. A justificativa frequentemente utilizada, por esses autores analisados, era que seria a função cívica e patriótica das mulheres formar desde a infância a próxima geração de cidadãos, os quais deveriam ser civilizados e saudáveis, tendo como base os conhecimentos da Higiene. Contudo, nos textos, não havia um consenso se essa seria a única atividade que poderia ser exercida na sociedade pelas mulheres, alguns autores afirmavam que elas podiam ter ocupações profissionais, entre elas a de professora. Dessa forma, em seus artigos, a Pedagogium não apontou para uma mudança no papel social da mulher brasileira durante a Primeira República.

Palavras-chave: Ideias higienistas; Educação Feminina; Imprensa periódica; História da Educação.

Comentários

  1. Só acho esquisito a recomendação de que se evite comentários genéricos ou vagos, sendo que temos acesso apenas aos resumos dos trabalhos. Mas bem, parabéns aos autores e autoras, ainda mais no atual contexto, sabemos o quão difícil e desgastante é produzir conhecimento.
    Muito interessante a pesquisa, um maior conhecimento a respeito do contexto educacional das mulheres que viviam no Rio Grande do Norte no início do século XX desvela muitas nuances sobre a inserção destas na sociedade.
    Senti falta - talvez a resposta seja obtida ao longo do trabalho, que, evidente, não tive acesso - de uma justificativa de por que a escolha da revista em questão. Já estudei um pouco o período e é possível localizar uma série de periódicos dedicados à questão da educação feminina, e, também, à questão da inserção feminina na sociedade local. No meio de todas essas publicações, qual a razão da escolha pela Pedagogium? Por que ela é especialmente importante para desenvolvimento da temática?

    Cordialmente, José Francisco dos Passos Neto.

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  2. Saudações. Agradecemos a leitura do nosso trabalho. Em relação aos seus questionamentos, os seguintes motivos justificam o estudo da Pedagogium em relação ao tema da educação feminina:

    O primeiro motivo da escolha dessa revista é o fato de que nós desenvolvemos pesquisas relacionadas a ela e a Instituição que a criou.

    O segundo motivo é que a Revista Pedagogium reuniu sujeitos de destaque para educação potiguar durante a Primeira República, com isso permite identificar e analisar os principais discursos e ideias educacionais que estiveram presentes no contexto local da época estudada. Entre os autores dos artigos da Pedagogium estiveram: professores de Instituições escolares de ensino primário e secundários, políticos locais, diretores da Instrução publica do estado, membros de instituições como Instituto Histórico Geográfico do Rio Grande do Norte e a Liga de Ensino.

    O terceiro motivo é que a a revista Pedagogium era porta-voz da Associação de Professores do Rio Grande do Norte, entidade que visava ser representante do professorado potiguar, orientando esses profissionais. Por isso, tem bastante relevância para pensarmos as proposta de educação feminina no RN durante a Primeira República.

    Atenciosamente,
    Arthur Beserra de Melo.

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  3. Pouco mudou no tocante ao papel social da mulher, infelizmente. A quarentena revelou e tornou ainda mais exaustivo ser mulher e lidar com uma sociedade que esta constantemente exigindo que ela exerça a sua "missão" de mãe, cuide do lar, do marido, seja uma profissional dedicada e lembre de cuidar da aparência (não no sentido saudável, mas porque ela dever um objeto de adorno que revela o status de seu marido). Tenho refletido tristemente a dificuldade de desvincular a imagem da mulher como única responsável pelos serviços que envolve cuidado e higiene. Fica aqui a minha reflexão.

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