RESUMO - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E OS REPOSITÓRIOS DE HISTÓRIA ORAL NO BRASIL
Aliny Dayany Pereira de Medeiros Pranto*
*UFRN - E-mail: alinydayany@gmail.com
Ir a campo, encontrar sujeitos, trocar olhares, ver, ouvir, transcrever, transcriar e compor novas escritas, inclusive videográficas (MAUAD, 2016) são algumas das práticas comuns aos historiadores oralistas. No entanto, cabe pensar qual a responsabilidade que temos para além desses momentos. Afinal, para onde vão as entrevistas de História Oral depois que uma pesquisa se encerra? Como asseguramos que futuros pesquisadores tenham acesso a tais materiais? E em que medida manter e disponibilizar tais fontes pode suscitar novas pesquisas em História da Educação? Pensando em tais questionamentos, este trabalho se propõe a discutir a importância dos repositórios de memórias de expressão oral (MEIHY; SEAWRIGHT, 2020) para as pesquisas em História da Educação no Brasil. Para além disso, reflete acerca das dificuldades e limitações de pesquisas que envolvem tais narrativas no Rio Grande do Norte, tendo em vista a dispersão dos acervos, espalhados sob a guarda de diferentes pesquisadores e/ou grupos de pesquisa. Para sistematizar as considerações desta produção, utilizamos autores como: Paul Thompson (2002), Meihy e SEAWRIGHT (2020), Ângela de Castro Gomes (2020) e Ana Maria Mauad (2016). Também foi realizado um levantamento dos principais acervos de História Oral no Brasil, com ênfase para aqueles que já disponibilizam seus materiais em áudio, audiovisual e/ou transcrições para download imediato. A partir deste levantamento inicial e considerando o modo como tais acervos são organizados, é possível começar a pensar sobre a sistematização de novos repositórios, ampliando o alcance das memórias de expressão oral e fortalecendo seu uso em pesquisas na área da História da Educação.
Palavras-chave: Memórias; Narrativas; Entrevistas; Acervos; Repositórios.
Quais as principais dificuldades na construção e manutenção de um repositório de História Oral?
ResponderExcluirPenso que a maior dificuldade deve ser na coleta e sistematização desse material, que costuma estar disperso junto a vários pesquisadores/as.
ExcluirAliny, quais os principais repositórios com acervos de História Oral no Brasil?
ResponderExcluirOlívia, em 2004 a professora Marieta Moraes fez um levantamento com 47 laboratórios que possuíam acervos. Neste trabalho cito essa pesquisa, mas também busquei levantar quais já disponibilizam material digitalmente e on line. Localizei 14 laboratórios que já o fazem, mas nem todos são repositórios, já que alguns apenas disponibilizam os áudios e vídeos, mas sem possibilidade de busca por conteúdo, por exemplo.. Dentre eles, o repositório mais importante é o CPDOC/FGV, mas há acervos disponíveis e de fácil acesso nos sites do LABHOI/UFF, LAHOI/UFPE, dentre outros.
ExcluirAliny,
ResponderExcluirQuais foram as maiores dificuldades encontradas ao levantar as informações sobre acervos de História Oral, e quais são os limites existentes ao organizar um repositório?
Olá, Bruna. A principal dificuldade foi localizar esses repositórios. Iniciei buscando de forma genérica em sites de busca e plataforma de audiovisual, além de checar aqueles repositórios que já conhecia. Depois, busquei também a partir da lista apresentada em um artigo da professora Marieta Moraes (2004).
ExcluirQuanto à construção de um repositório voltado à entrevistas de História Oral, penso que a maior dificuldade é reunir as entrevistas produzidas por diversos pesquisadores e sistematizá-las, identificando seus metadados, produzindo breve sumário de cada uma, juntando suas cartas de autorização, para só então, poder publicá-las. São muitas etapas que precisam ser cuidadosamente realizadas.
Olá Aliny! Gostaria de saber se no seu levantamento você menciona o Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Colégio de Aplicação (Cemdap) em Sergipe? O acerco deste espaço é composto de fontes orais e escritas e é fruto do trabalho realizado de projetos de pesquisa, resultando numa contribuição muito importante para a história da educação, pois vem preservando a memória de uma instituição de ensino responsável pela formação de várias gerações desde 1960 até os dias atuais. Por gentileza, gostaria também de saber a partir do seu levantamento, qual foi sua percepção quanto a preservação da memória do patrimônio institucional?
ResponderExcluirParabéns pela pesquisa!
Joelza de Oliveira Santos
Olá, Joelza. Tudo bem? Neste levantamento inicial que realizei não identifiquei o Cemdap. Ótimo você ter feito a referência, pois já entrei no site da universidade e estou mapeando as informações disponíveis. O Centro possui esse acervo digitalizado? Ainda não encontrei referência direta a isto no site.
ExcluirQuanto às temáticas dos acervos, não foi algo levantado agora. Apenas busquei discutir a importância desses espaços para guarda e manutenção de entrevistas de história oral, identificando aqueles que já possuem repositórios ou acervo organizado digitalmente.
Obrigada pela contribuição e vamos conversando no decorrer do encontro.
Abraços.
Olá! Excelentes questionamentos. Também existe o complicador da autorização da disponibilização desse material em repositórios a serem compartilhados, uma vez a que maior parte dos Termos de consentimento Livre e Esclarecido salientam o uso exclusivamente para a pesquisa em questão. Como vocês lidam com isso?
ResponderExcluirOlá, Rachel. Nas cartas de autorização ou termos de consentimento livre e esclarecidos, costumo colocar a autorização para uso na pesquisa e sua divulgação posterior com fins didáticos e acadêmicos. isso permite que as entrevistas sejam utilizadas posteriormente. Aqui na UFRN, o Comitê de ética nos orientou a disponibilizar as entrevistas que tenham algum documento de autorização, como esses que citei. Então, ao ceder as entrevistas, o pesquisador deve encaminhar junto essa documentação.
ResponderExcluirSim, perfeito.
ExcluirAcho importante falar sobre isso, pois nem sempre os pesquisadores se dão conta de solicitar a divulgação posterior, o que dificulta da hora de fornecer o material para o repositório. Claro que se pode entrar em contato com as pessoas e solicitar, porém é muito mais trabalho e nem sempre se consegue encontrar as pessoas novamente.