RESUMO - A FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

Jammerson Yuri da Silva*
Azemar dos Santos Soares Júnior
*UFRN - E-mail: jammerson_yuri@hotmail.com

Este artigo situa-se no campo da História da Educação e tem como principal objetivo analisar as contribuições da Fundação Dorina Nowill para Cegos (FDNC) no âmbito da educação inclusiva e na consolidação de políticas educacionais para cegos, desde sua fundação até os dias atuais. Para tanto, tomamos como fontes a legislação educacional e documentos oficiais, atas e relatórios da instituição, utilizando como método a heurística e a hermenêutica. Compreendemos o conceito de instituição de acordo com as discussões de Justino Magalhães, para quem o significado e a importância destes espaços está além de sua dimensão material de prédio. Dialogamos também com Chartier (1988), entendendo a FDNC como uma representação espacial do ideal de educação inclusiva para cegos. A Instituição estudada foi criada em 11 de março de 1946, sendo chamada inicialmente de Fundação para o Livro do Cego no Brasil (FLCB). Sua primeira presidente foi Adelaide Reis Magalhães e seu principal objetivo era produzir livros em braille, com a finalidade de democratizar o acesso à educação. Nota-se que a Fundação também desenvolvia atividades relacionadas à inclusão das pessoas com deficiência visual, através de vários programas de socialização. A instituição funcionou inicialmente em um espaço cedido pela Cruz Vermelha Brasileira, e posteriormente, em duas salas na Rua da Quitanda, número 94, em São Paulo. No ano de 1991, a FLCB passou a chamar-se Fundação Dorina Nowill para Cegos, em homenagem a sua fundadora, Dorina de Gouvêa Nowill. Esta intelectual foi uma das mais atuantes pela causa educacional dos cegos no Brasil, trazendo dos Estados Unidos o modelo de materiais em braile e militando em prol de políticas públicas de inclusão. Atualmente, a instituição funciona na Rua Doutor Diogo de Faria, 558, na Vila Clementino, São Paulo. A Fundação trabalha com a atenção a pessoas cegas e com baixa visão. Oferece programas gratuitos de reabilitação e produz materiais didáticos em braille. Sua principal missão é facilitar a inclusão de crianças, jovens e adultos cegos e com baixa visão nos processos educativos. De tal modo, configura-se como uma instituição de fomento à educação, em suas práticas e representações sociais. Nota-se, portanto, que a Fundação Dorina Nowill constituiu-se ao longo dos anos não apenas como um espaço de tratamento e práticas inclusivas, mas também como uma representação (Chartier, 1988) espacial do ideal de educação inclusiva no Brasil. Sua atuação em favor das políticas de inclusão e da democratização educacional, apresenta-se como um modelo para promoção do acesso igualitário aos processos de ensino-aprendizagem em nosso país.

Palavras-chave: História da Educação; Instituição; Educação Inclusiva.

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