RESUMO - ENTRE A ESCOLA E O LAR: O PROGRAMA DE ENSINO DA ESCOLA DOMÉSTICA DONA JÚLIA, CUIABÁ-MT- 1946-1947
Gabriella Moura da Silva*
*UFMT - E-mail: gabriellamoura16@hotmail.com
Este estudo buscamos refletir sobre o programa de ensino da “Escola Doméstica Dona Júlia” - EDDJ na cidade de Cuiabá capital de Mato Grosso, período de 1946 a 1947. Delimitamos o recorte temporal devido ao fato de que o ano de 1946 marcou o início da EDDJ. Encerramos a pesquisa em 1947 porque marca o encerramento do primeiro ano letivo da EDDJ. Tivemos como objetivo para esse estudo, analisar como se constituiu o programa de ensino e a formação feminina, nessa instituição que buscou “formar as moças para o lar” como responsáveis pela família. Este estudo faz parte de uma pesquisa desenvolvida no curso de mestrado em Educação, desse modo o projeto encontra-se em andamento. Salientamos ainda, que as discussões sobre a história da educação e história das mulheres, advém das reflexões oriundas dos estudos, desenvolvidos no âmbito do Grupo de pesquisa e Estudos em História da Educação, instituição e Gênero - GPHEG. A proposta metodológica da pesquisa pressupõe a busca por documentos escolares da EDDJ. Nossa fonte de pesquisa para esses anos são: Diário Oficial do estado de Mato Grosso, com informações sobre o programa de ensino da EDDJ, e a Revista A Violeta, periódico onde encontramos informações importantes sobre a inauguração da instituição, bem como, o programa de ensino pretendido pela escola. Tivemos como base metodológica, autores como: Le Goff (1990), Peter Burke (1997); Nosella e Buffa (2009) sobre as instituições escolares; (Michelle Perrot (2007) com reflexões sobre a história das mulheres; e Louro (1997) e (2004) Almeida (1998) sobre a educação feminina no Brasil. Compreendemos, que nesse período, era esperado que as mulheres fossem, boas mães, esposas e educadoras que pudessem administrar e organizar o lar. A educação estava ainda muito restrita ao cunho do lar. Desse modo, salientamos que a EDDJ buscou escolarizar as mulheres visando atender o esperado no período, instruindo as moças para atuar no lar e aprendendo o básico para educar seus filhos e filhas, as moças precisariam aprender também, normas de sociabilidade, a comportar-se em espaços públicos e ser uma boa companhia a seus esposos. Dito isso, a mulher era responsável pela organização e administração do núcleo familiar, e ao ingressar em instituições de ensino, eram instruídas para as atividades consideradas “natural do sexo feminino”, os trabalhos relacionados ao doméstico. Compreendemos, que seja na escola ou no lar, as mulheres eram responsáveis pelas especificidades que o núcleo familiar exigiria, ou seja, a escola por vezes reforçou as tramas estabelecidas pela sociedade.
Palavras-chave: História das Mulheres; Programa de ensino; Formação para mulheres.
Excelente discussão!
ResponderExcluirDe fato, a profissionalização feminina deu-se através de um viés positivista e higienista que era difundido nos anos iniciais do século XX, nessa perspectiva a educação e a profissionalização das mulheres eram aceitas desde que não prejudicasse as suas funções no lar.
Boa tarde e parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirÉ interessante que nós duas desenvolvemos pesquisas muito similares, porém, em estados diferentes. Eu pesquiso sobre a Escola Doméstica de Natal no Rio Grande do Norte, entre 1914 a 1945. Fiquei muito interessada em ler o seu trabalho, pois acredito que dialoga bastante com o meu. Quando você vai defender? Gostaria de ler seu trabalho quando estiver pronto.
Ass. Vitória Diniz de Souza
Boa noite... Parabéns pelo trabalho! Temáticas que envolvem a história da mulher são sempre muito instigantes e o mais interessante é refletir sobre o quanto desses resquícios ainda estão presentes da história atual. Fiquei curiosa para saber se seu trabalho traz essa abordagem.
ResponderExcluirJanaina Piron Branco.
Obrigada pelas reflexões. Esses debates são de extrema importância, em especial, pois trata das da história da mulheres e como a profissionalização das mulheres foi pensado nesse período, isso reflete nas discussões sobre o espaço ocupado pelas mulheres atualmente.
ResponderExcluirGabriella Moura da Silva.