RESUMO - A EDUCAÇÃO FEMININA EM MORRINHOS-GO NOS ANOS DE 1962 – 1971: UM IDEAL DE MULHER
Ana Lúcia Ribeiro do Nascimento*
Sauloéber Társio de Souza
*UFU - E-mail: anaminzinha@hotmail.com
Este texto apresenta um recorte da pesquisa de mestrado intitulada Habitus Professoral de Normalistas em Morrinhos-GO: (1962-1971) e expõe características da formação feminina do Curso Normal desse município goiano, bem como o prestígio empregado a função de professora normalista à época, ou seja, um ideal de mulher. : O recorte temporal onde se estuda o ideal de mulher em Morrinhos-GO vai do ano de 1962 a 1971. A pesquisa de mestrado utilizou como aporte metodológico a história oral, e com base nas três entrevistas junto ao Curso Normal da Escola Normal Senador Hermenegildo de Morais, contribuindo para a história da educação e formação de professores dessa região goiana, cujo tema ainda carece de pesquisas. As pesquisas revelam que ao desenrolar do tempo, as mulheres além de embelezar a sociedade, desde cedo eram ensinadas a ser uma boa dona de casa, uma boa mãe e uma esposa dadivosa, ou seja, uma preparação para o bom casamento (ALMEIDA, 1998). Ao pesquisar a história da educação no Brasil, percebemos que desde o final do século XIX com a proclamação da república, a preocupação com a instrução torna-se cada vez mais necessária. No entanto, pouca atenção era entregue à instrução feminina. Nas palavras de Saviani (2004) as “mulheres brasileiras cresciam com o destino profetizado de serem esposas, mães e, em caso de necessidade professoras” (SAVIANI, 2004, p. 75). Nesta época, o ofício de professora não atentava contra a moral da mulher, pois esta seria uma espécie de extensão da maternidade. E é nessa esteira que este texto caminha, o ideal de mulher que procurava o Curso Normal por ser a única profissão adequada às mulheres (ALMEIDA, 1998). Já no início do século XX as mulheres começam a produzir debates sobre a instrução feminina como possibilidade de ascendência social e mesmo com especificidades religiosas e morais, a profissão foi se constituindo. Durante as entrevistas que compuseram a pesquisa, evidenciamos que as mulheres à época frequentavam o Curso Normal, por ser o único que os pais permitiam, além disso o curso preparava-as para a vida do lar com disciplinas voltadas para a vida doméstica. Evidenciamos nas entrevistas que as normalistas precisavam acima de tudo, amar seus alunos, ter carinho e cuidado com os mesmos e que isso era ensinado nos cursos. O Curso Normal preparava as professoras normalistas para uma vida religiosa além de desempenhar um papel de boa mãe e esposa frente a sociedade. Ser uma normalista à época era uma das poucas formas de inserção no mercado de trabalho para as mulheres de Morrinhos-GO, além de ser um ideal de mulher estabelecido socialmente, ser uma normalista era o ideal de mulher que muitas as moças jovens almejavam ser.
Palavras-chave: Educação; Mulher; Normalista.
Primeiramente, meus parabéns pela pesquisa, a mesma apresenta-se de forma muito importante para a construção de uma história das mulheres em âmbito municipal, realizando assim uma aproximação dos alunos e da população em geral deste município com a história das mulheres normalistas que os cercam.
ResponderExcluirLevando em consideração o Curso Normal ofertado, permitido e procurado pelas mulheres durante o espaço tempo aqui estudados, eu gostaria de saber quais eram as disciplinas que visavam preparar as mulheres para a vida doméstica, religiosa e social ofertadas no curso? E de que maneira as mesmas prepararam estas mulheres?
Desde já muito obrigada.
Olá! Bom dia! Obrigada! Nos documentos oficiais e confirmado nas entrevistas, verificamos que as alunas tinham a disciplina de Trabalhos Manuais. Nessa disciplina elas aprendiam a costurar, bordar, faziam cadernos de receitas, aprendiam como costurar botões de camisas e fazer barras de calças, além de como cuidar de uma casa e da família. Quanto a vida religiosa, elas tinham a disciplina de Educação Religiosa, porém eram obrigadas a frequentar a missa e os eventos da igreja, caso contrário, sofreriam punições na escola. Além das missas elas frequentemente faziam retiros religiosos. Todas as entrevistadas disseram que não gostavam desses eventos, mas eram obrigadas a ir. Obrigadas pela escola e pela família. Esse curso conferia status às moças da cidade. Evidenciamos nas entrevistas que o Curso Normal projetava as mulheres na sociedade à época. Uma mulher normalista era a figura de uma mulher bem educada e que seria uma boa esposa e boa mãe. Espero ter respondido. Até logo!
ResponderExcluirNossa que interessante, muito obrigada. E mais uma vez, parabéns pela pesquisa.
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