RESUMO - DA CONSCIÊNCIA INGÊNUA PARA A CONSCIÊNCIA CRÍTICA DA REALIDADE: A PROPOSTA CURRICULAR DE ENSINO RELIGIOSO
Valdicley Euflausino da Silva*
*UERN - E-mail: valdicley_bambucha@yahoo.com.br
A Proposta Curricular de Ensino Religioso é um material didático que se consolida enquanto resultado de 20 anos de trajetória da Comissão de Ensino Religioso do Rio Grande do Norte – CER–RN. Com o objetivo de analisar este material, articulamos, metodologicamente, a análise de discurso da professora Maria Augusta, por meio de uma entrevista realizada em 2012, com a análise do objeto pedagógico em questão. Lançada em 1994, a Proposta Curricular aponta a persistência do entendimento do ER em manter a incumbência da presença e as ações das igrejas cristãs em ambiente escolar, porém se diferenciando da concepção da catequese estrita, tendo em vista que, a ideia principal era fazer o ser humano passar da consciência ingênua para a consciência crítica da realidade, como assinala a professora entrevistada. As temáticas indicadas ao longo do material, que está estruturado em propostas de planos de aulas, vinculam-se ao discurso da professora, tendo em vista que ultrapassam a dimensão puramente teológica, abarcando problemáticas das condições de vida em prol de uma realidade libertadora enquanto subsídio de formação para os professores de ER do Estado. As origens desses discursos pedagógicos remetem as mudanças sociais, políticas, econômicas, religiosas e educacionais que o cenário nacional e estadual perpassavam no contexto correspondente ao período de redemocratização pátrio. As propostas teórico-metodológicas de formação docente contidas no material estão ancoradas no método Ver, Julgar, Agir acrescido do Celebrar, oriunda da Encíclica Mater et Magistra (1961); além das perspectivas das Teologia da Libertação e Teologia do Pluralismo. As conclusões indicam ideias de mudanças que a área do ER vivenciava e a coexistência de discursos pedagógicos diversos que transitivam entre a catequese, a evangelização, o ecumenismo, a religiosidade popular, a fraternidade e o pluralismo religioso. Contudo, em linhas gerais, o ER ainda não apresentava uma abordagem didática, pedagógica e crítica da realidade que englobasse a multiplicidade acerca dos fenômenos religiosos e de crenças existentes no cenário brasileiro e estadual que buscasse superar a visão colonial que a área carrega desde sua imposição no âmbito educacional. Desse modo, constatamos que as concepções laicas de ensino defendido pelo processo de profissionalização e profissionalidade para a formação docente, emergentes das discussões do momento, foram feridas.
Palavras-chave: Proposta Curricular de Ensino Religioso; Material didático; Formação docente; Rio Grande do Norte.
Bom dia!
ResponderExcluirSeu trabalho é de extrema relevância, meus parabéns!
Este é um questionamento que venho alimentando ao longo dos anos. No entanto, percebe-se que apenas na academia é que nos defrontamos com essas questões e podemos falar mais abertamente sobre o assunto. Entendemos que, teoricamente, o Estado é laico, porém, na prática percebemos que não é o que ocorre de fato, visto que você pontua como ideia principal "fazer o ser humano passar da consciência ingênua para a consciência critica", você acredita que essa consciência ingênua está interligada à interferência do Estado em relação às propostas de ensino religioso? Você acredita que o Estado ignora o pluralismo religioso?
Meu nome é Geruza Paes
Excluir