RESUMO - AS DISCIPLINAS HUMANÍSTICAS E A FORMAÇÃO PARA O TRABALHO NA ETFRN (1968-1985)
Aline Cristina da Silva Lima*
Lillyane Priscila Silva de Farias; Olívia Morais de Medeiros Neta
*UFRN - E-mail: aline.prof.his@gmail.com
A formação para o trabalho na Escola Técnica Federal do Rio Grande Norte (ETFRN) estava imersa na lógica da formação compulsória de técnicos, sob a égide da Ditadura Militar iniciada em 1964. As proposições de reformas educacionais, empreendidas nesse período, seguiam o modelo tecnicista e, portanto, davam ênfase aos saberes técnicos em detrimento das disciplinas humanísticas. Este trabalho se propõe a analisar o lugar das disciplinas da área humana na formação dos estudantes da ETFRN entre 1968, ano da fundação da escola e 1985, final da Ditadura. O currículo dos cursos técnicos integrados trazia apenas um semestre de cada disciplina: geografia no primeiro semestre, história do Brasil no segundo, estudos regionais no terceiro e educação moral e cívica no quarto semestre. O restante do curso era voltado essencialmente para a formação técnica. Para efeito de análise do nosso objeto recorremos a fontes documentais como histórico escolar e legislação educacional vigente como o Decreto nº 72538/1973, que regulamentava a formação compulsória de técnicos e o Decreto nº 869/1968, que tornava obrigatório em todos os níveis escolares o ensino de Educação Moral e Cívica (EMC), que visavam a defesa dos princípios “democráticos”, o nacionalismo, o culto a obediência a lei. Usamos também fontes orais, três das entrevistas realizadas para uma pesquisa de doutoramento, e fontes bibliográficas, teses, dissertações e monografias, livros e artigos. A análise de conteúdo, definida por Júlio Aróstegui, servirá de base para a compreensão dos documentos e entrevistas. Sobre a história oral, dialogamos com Verena Alberti, Alessandro Portelli e Jose Carlos Sebe Bom Meihy. Quanto ao contexto educacional e a história da instituição, recorremos as contribuições de Moacyr de Góes e Arilene Medeiros; Rodrigo Motta e Marcelo Siqueira atualizam o debate em torno da ditadura militar brasileira e sua relação com a educação do período. Notadamente a Ditadura deu um duro golpe nas ciências humanas, de modo geral, e especialmente na educação para o trabalho, relegando a elas um lugar subalterno. No entanto, percebemos que para além do currículo havia a diversidade de abordagem e significações que os estudantes e professores poderiam dar no cotidiano. As vozes são dissonantes e isso nos mostra que a realidade não se apresenta unívoca, daí a importância de trazermos a luz debates como este, que é ainda incipiente na História da Educação Profissional.
Palavras-chave: Disciplinas humanísticas; Formação para o trabalho na ETFRN; História da Educação Profissional; História Oral.
Olá, parabéns pelo trabalho! Acredito que pensar pesquisas para enxergar a pluralidade dos diferentes modelos de ensino no nosso estado é um campo com muitos aspectos a serem trabalhados. Gostaria de saber quais eram os cursos oferecidos pela instituição? E se foi possível ter acesso aos planos de curso das demais disciplinas em algum momento, para poder ver se existe vestígios do ensino de humanidades também nessas disciplinas.
ResponderExcluirMaria Luiza Dantas Lins
Boa tarde, alguns cursos ofertados eram Edificações, Eletromecânica (desmembrado, depois, em Mecânica e Eletrotécnica), Geologia e Saneamento. Nós focamos em selecionar os planos de curso e diários das áreas humanísticas que estamos trabalhando, mas na fala dos colaboradores da pesquisa que foram entrevistados, eles sinalizaram para debates políticos e de formação humana nas aulas de educação física, por exemplo. Há muitas possibilidades de investigação, no arquivo do instituto é possível achar alguns vestígios, inclusive talvez tenha algo conosco já, mas podemos não ter atentado dada a nossa demanda. Agradeço pelo diálogo com nosso trabalho
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