RESUMO - ANTÔNIO DE SOUSA E A EDUCAÇÃO POTIGUAR NA PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)

Arthur Cassio de Oliveira Vieira*
Olívia Morais de Medeiros Neta
*UFRN - E-mail: arthur_cassio@yahoo.com.br

Este artigo se insere no campo da História da Educação, sob uma abordagem cultural, articulando o domínio da História dos Intelectuais. Temos como objetivo investigar a atuação do intelectual Antônio de Sousa no âmbito educacional norte-rio-grandense durante o período da Primeira República (1889-1930). Para tanto, utilizamos como fontes biografias do sujeito, operacionalizadas pelo método historiográfico da heurística e da hermenêutica. Também foram tomadas como fontes atas de instituições culturais, mensagens de governo, revistas e periódicos. Antônio de Sousa é visto neste trabalho como um intelectual de acordo com as discussões propostas por Sirinelli (1998), compreendendo-o como membro de uma elite criadora e mediadora cultural. A construção deste artigo parte também do tripé lugar de fala, prática e escrita, proposto por Michel de Certeau (1982), de modo que, inicialmente apresentamos a figura de Antônio de Sousa, em seguida a sua atuação em prol da educação potiguar e, por fim, analisamos a sua escrita nos jornais da época com relação a temáticas educacionais, sobretudo a educação feminina. Antônio de Sousa nasceu em 1867, na cidade de Papari, hoje Nísia Floresta. Bacharelou-se em 1889, pela Faculdade de Direito do Recife. Foi Deputado Estadual, Senador e Procurador da República. Entre os anos de 1892 e 1895 atuou como Diretor Geral de Instrução Pública. Como governador, construiu 54 escolas de ensino primário no estado do Rio Grande do Norte e criou uma Escola Normal na cidade de Mossoró. Em Natal, criou a Escola Elementar de Agricultura e Agronomia, a Escola de Farmácia, uma Escola Profissional e construiu o Grupo Escolar Augusto Severo, primeira instituição desse modelo no Rio Grande do Norte (PEIXOTO, 1984). Sousa foi presidente do Grêmio Polymathico, associação literária que reunia diversos intelectuais e organizava a publicação da Revista do Rio Grande do Norte. Em suas páginas, textos de Henrique Castriciano, Auta de Souza, Alberto Maranhão e Tavares de Lyra, entre outros. O intelectual fazia parte do quadro de associados do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), sendo sua a ideia de criação da Revista do Instituto. Nota-se, portanto, que Antônio de Sousa fazia parte de um grupo de intelectuais atuantes em vários aspectos na sociedade potiguar, com destacada atuação no âmbito educacional e cultural, contribuindo com a circulação de ideias (CHARTIER, 1988) e do pensamento pedagógico, fosse através de seus escritos ou mesmo suas ações enquanto agente público. Sendo assim, trazemos a luz um sujeito em seu espaço-tempo e redes de sociabilidade, consolidando-se como um intelectual em prol da educação, no ainda recente regime republicano.

Palavras-chave: História da Educação; Intelectual; Rio Grande do Norte.

Comentários

  1. Quais as principais ideias defendidas pelo intelectual acerca da educação potiguar?

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  2. Olá! Obrigado pela sua pergunta.
    Antônio de Sousa, assim como outros intelectuais potiguares do período estudado, inspirava-se nas ideias de pensadores do exterior, como Herbert Spencer, Rousseau e John Dewey, para pensar em um modelo educacional que atendesse aos interesses do projeto político republicano. Estas ideias giravam em torno, sobretudo, de uma educação feminina, para que as moças dessem as noções de primeiras letras e números aos novos filhos da República; a prática da educação física, como forma de desenvolver corpos saudáveis; e uma educação voltada para o desenvolvimento do ser humano em seus aspectos físico, emocional e intelectual.

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  3. Arthur, você apresentou uma rede de possibilidades para se pensar a trajetória história da intelectualidade do Antônio de Sousa. Observei que ele também foi romancista e que publicou livros. Você também vai buscar compreender o intelectual por este caminho?

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